Quem se lembra da Cidade da
Música? Para aqueles que acompanham, dez anos e mais de R$ 500 milhões depois,
agora rebatizada, Cidade das Artes, complexo cultural na Barra da Tijuca (zona
oeste), vai finalmente ser aberta ao público em dezembro, com uma temporada de
ensaios do musical "Rock in Rio", dirigido por João Fonseca.
O complexo, projetado pelo francês Christian de Portzamparc, tem
duas salas de espetáculos (uma com 1.650 lugares, outra com 456) e 21 espaços
multiuso que abrigarão cinema, galeria de arte, restaurante e salas de ensaio.
Para administrá-lo, o prefeito Eduardo Paes reativou a fundação
RioArte e escolheu para presidi-la o gaúcho Emilio Kalil, ex-secretário
municipal de Cultura. Em seu lugar, entrará Sérgio Sá Leitão, atual presidente
da RioFilme.
"A primeira coisa que eu
quero fazer é abrir a Cidade das Artes para a população do Rio conhecer esse
prédio de que tanto se falou nos últimos dez anos", diz Kalil,
referindo-se às polêmicas por conta de atrasos e aumento de custos da obra,
iniciada na gestão Cesar Maia em 2002.
"Tem problemas? Tem. Mas foi
construído, gastou-se quase R$ 600 milhões, agora é botar para funcionar."
Os ensaios de "Rock in Rio" serão abertos a alunos da
rede pública. "Os equipamentos estão comprados há quase seis anos e não
sei qual é o estado deles. Por isso a temporada de testes", diz Kalil.
O musical estreia em janeiro e, em março, ocorre a abertura
oficial da temporada 2013. A programação não está montada, mas Kalil diz que
"irá do erudito ao popular".
Kalil terá um orçamento anual estimado em R$ 26 milhões. Pretende
usar o local como centro de eventos corporativos e institucionais, faturando
com o aluguel para investir na programação.
"A Cidade das Artes não vai
sobreviver de outro jeito, não naquele lugar", diz Kalil, crítico da
localização, no cruzamento de duas avenidas na Barra, inacessível a pé.
NOVO MODELO DE GESTÃO
A decisão da prefeitura de
assumir a gestão do complexo foi anunciada na semana passada. Inicialmente, ela
ficaria com uma organização social escolhida por edital.
Segundo Kalil, seis OS mostraram-se interessadas, dentre elas o Instituto
Tomie Ohtake, mas o edital foi suspenso por causa de questionamentos do
Tribunal de Contas do Município (TCM).
Ele disse não saber quais pontos foram questionados. Segundo a
assessoria do TCM, o processo só será liberado após sua conclusão.
"A fundação pode ser muito
mais competente para fazer a gestão, por isso propus ao prefeito, ele acatou e
eu estou nessa nova função."
Sérgio Sá Leitão, que assume a vaga de Kalil como secretário
municipal de Cultura, diz que a saída da Cidade das Artes de sua pasta é um
movimento lógico.
"É um equipamento cultural
de tal complexidade que precisa de uma gestão específica, é como o Lincoln
Center [em Nova York]."
Fonte: Folha
de SP
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