quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Cultura como Mercadoria

Atualmente, este blog encontra-se dividido em duas sessões, tópicos culturais da atualidade e/ou temas da cultura e programação cultural da semana (iniciando na sexta até a quinta da seguinte). O motivo desta divisão é para que, mesmo que não haja colaboradores ainda, possa haver informação toda semana.

Hoje, o tema que este post pretende incitar brevemente é o das indústrias culturais.


A indústria Cultural, termo utilizado pela primeira vez em 1947 por Adorno & Horkheimer, se define como a mercantilização da cultura. Seu surgimento deve-se principalmente ao desenvolvimento do Capitalismo, que se caracteriza pelo consumo, produção crescente e descartável.

Nesta nova forma, a principal finalidade é seduzir e vender. A obra de arte deixa de ser uma realização de um artista, perde um pouco da criatividade e individualidade e passa a ser uma produção em massa, feita por indústrias diversas e grandes conglomerados econômicos. Muitas vezes é atrelada aos meios de comunicação, e uma falsa idéia de felicidade, realização e necessidade é explorada pela TV, rádio, internet, etc. A todo momento e sem se dar conta todos são bombardeados por novos desejos e, principalmente por novas frustrações ( quando não há possibilidade de adquirir um tipo de produto cultural).


Os produtos da indústria cultural precisam do consumo para sobreviver e, deste modo, o consumidor deve pensar, então sou eu o dono deste sistema?! Não exatamente. “A indústria cultural abusa da consideração com relação às massas para reiterar, firmar e reforçar a mentalidade destas” (ADORNO) por muitas vezes não é consciente, você é conduzido, exemplo, uma música que não para de tocar até você ao menos se acostumar com ela. Existe ainda o coletivo e fazer parte dele é entendido por muitos como “estar na moda” ou em conformidade com os padrões. Além disso, seus produtos são pensados por uma lógica do que está em vigor, ou vocês nunca repararam como quando um ritmo, um gênero teatral ou audiovisual está em vigor, muitos outros do mesmo estilo surgem em conjunto? Fica explícito então, que sem o consumidor a indústria não pode sobreviver, porém que não é ele o condutor do processo.


Outro ponto principal desse modelo é a finalidade da manipulação, muitos dos objetos ou idéias são transmitidos ao povo visando a mera absorção em virtude de garantir ou incutir a ideologia predominante, por isso um mundo idealizado e próximo do real é composto. Isso é possível em grande parte pela televisão que é o maior meio de comunicação de massas  (praticamente todas as classes sociais têm acesso a essa informação). As grandes redes do entretenimento conseguem assim alimentar mais e mais a visibilidade e continuidade de seus produtos.  


Embora não se possa dizer que todos os produtos serão danosos, há uma grande "atrofia da imaginação", eles “não permitem quase evasão” e logo um espaço muito pequeno para os artistas que não fazem parte desta grande máquina cultural. E, muitas vezes, quando se tenta a fugir a toda essa lógica, criar uma forma de cultura que seria contra a usual, acontece uma pseudo-singularização. Possível quando se utiliza como referência o próprio sistema vigente e, posteriormente, uma constante apropriação da indústria cultural em busca do lucro e consumo. Essa indústria é muito sutil e, quase sempre consegue aglutinar novos modelos, o pseudo provém da falsa sensação de rompimento e de desejo satisfeito.

Portanto, é necessário estar um pouco mais consciente do que nos é oferecido, no caso de Jacarepaguá, conhecer os artistas e os espaços locais é uma forma de permitir que estes grupos possam sobreviver e mostrar sua arte, como para Adorno, a arte é uma forma de libertação do homem das amarras do sistema, uma possibilidade de um ser mais livre. 

Fontes:
COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural. 
ADORNO, Theodor W., HORKHEIMER, Max; Dialética do Esclarecimento.
ADORNO, Theodor. “A Indústria Cultural”. Em: “Adorno”.


Um comentário:

  1. Muito interessante esse assunto. Fiz uma prova sobre a Indústria Cultural ontem. A cultura é reproduzida em série para a grande massa, mas criando a ilusão de singularização. A obra de arte perde sua aura e torna-se padronizada, própria para o consumo. A indústria cultural, ao transformar a cultura em mercadoria, destitui as massas da capacidade de questionar o que está consumindo de fato. Enfim, tudo o que é produzido na cultura é matéria que pode ser transformada com vista a se adaptar ao mercado e aos laços efêmeros que constituem a sociedade de hoje. =)

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